segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Porém, estás a sorrir

A Noite chegou, com ela o vazio

O vazio das ruas...

O silêncio que atormentava a solidão.

O som que não se podia escutar...

A Respiração de quem está prestes a chorar.


Com vidros espalhados pelo chão,

Sangue que não quer estancar.

Dor que não quer passar...


Toca sem parar a mesma canção,

Canção a qual fala de dor, solidão.

E como não pode mais agüentar...


Choros que se vão com o amanhecer.

Gritos que assombram o entardecer...


Lágrimas que saem sem se notar.

Mãos querendo o mundo derrubar.


Sentado em um canto qualquer a mercê de

Um nada alcançar...


Vazio que sentirá ao anoitecer...

Solidão que o acompanhara nessa estrada longa

Que não tem um final.


Sorriso que verá quando enfim

Chegar a hora de parar.


E como não pode suportar o peso que carrega em seu peito...

Desfalece em cada suspirar...


Molhado de lágrimas está...

Seu semblante todos irá se lembrar...


A noite chegou...

Com ela a música parou.

O sangue enfim estancou...


Disseram Adeus...

Disseram tchau...

Seu rosto acariciaram...

Sua mão tocaram...


E o dia amanheceu...

Com ele a dor permaneceu.

O silêncio se quebrou...

O vazio permaneceu em quem teve

Que dizer Adeus...


Partiu para algum lugar...

Para o nunca mais retornar.

Foi como tinha que ser...

Deixou em poesia o seu último dizer...


Deixou impresso a lágrima que a alguém dedicou.

Deixou lembranças no sorriso de alguém.

Foi para descanso encontrar

Foi para poder enfim sorrir...


Só agora está...

Porém, estás a sorrir...

domingo, 27 de setembro de 2009

Menina, Menininha

Seus olhos transmitiam toda a dor que um dia ousou evitar.

Seus lábios não se continham em sua dor amenizar.

Suas mãos tremulas não podiam se conter.

Sua vida deixou de assim ser.

Levou consigo dor...

Tristezas que o tempo fez o favor de castigar.


Choveu naquela tarde de outono...

Seus cabelos molharam, seu rosto escondeu

As lágrimas que de seus olhos desciam.

Era mais um dia na vida de muitos...

Era o último na vida de vários...

Era o dia do qual não esqueceria uma única pessoa.


Passou a menininha e tudo pode acompanhar.

Observava de longe sem nada poder compreender.

O tempo passou, menininha deixou de ser.

Só que seguia sem compreender o que vira.


E em outra tarde de outono, o sol deixou o céu, para

Uma nuvem conta dele tomar.

Caia orvalhos de uma súbita dor que se apossava do local.


Chorou uma criança que por ali passava.

Gritou da esquina uma alma que seu corpo deixava.

Se apoderava uma terrível agonia feliz.

Ironia de um nada com um tudo que não fazia diferença...


Agonizou o anoitecer...

Soluços que de muito longe se pode ouvir.


Um disparo veio pelas tantas da madrugada.

Não mais chovia...

Uma criança que tudo assistia chorava desesperadamente.

Muito apareciam para só observar.


E a menininha que, não mais era, assistia de longe tudo isso.

Lembrou de quando a muito atrás, algo parecido presenciou.

Chorou...


Levou consigo uma agenda cheia de horas marcadas,

Um diário com a sua vida...

No caminho despedaçou ambos,

Deixando pelo caminho sua vida...


O choro da menina podia escutar.

Lembrava toda a noite da sua expressão de dor.

Chorava...


E choveu...

Seus cabelos estavam molhados com a chuva.

Suas mãos trêmulas com o que encontrara ao retornar.


Viu sua vida se desfazer.

Levou consigo uma pequena bagagem de mão...

Levou uma imensa bagagem no coração.

Deixou algo que não podia deixar...


Fez a escolha que a deixaram fazer...

A menina que chorou em desespero cresceu...


A menininha, que não mais era, e a menina se

Reencontraram...

Era parecido o seu olhar...


Fez como lhe fizeram...

Negou o direito que lhe tiraram

De ter uma família...


Em um dia de outono, chovia...

Uma menininha assistia de longe sua mãe se suicidar, após seu pai matar.

Era algo que não se podia compreender.


E com o passar do tempo o mesmo foi acontecer.

Só que a mãe, que era a menininha, não chegou a se suicidar.

E com o passar dos anos, menina e menininha vieram a se reencontrar.

Só que menininha veio a menina, sua filha, enterrar.


E choveu...

Seus cabelos estavam molhados...

Seu rosto todo encharcado de dor...

Era uma tarde de outono...


....